Mr. Imbituba, Mick Fanning, vibrando muito com a conquista do título mundial. De quebra ainda manteve o título do WCT Brasil. Foto: Beda Batista. O australiano Mick Fanning já pode ser chamado de Mr. Imbituba. Competindo totalmente focado em garantir o título mundial no Brasil, o aussie se consagrou de forma brilhante em Imbituba, faturando o título mundial de 2007 e a nona etapa do tour mundial. Pelo segundo ano consecutivo Fanning ganhou a etapa brasileira do tour na praia que foi o berço do surf catarinense. Tudo aconteceu a favor do “alemãozinho”, na etapa brasileira do WCT, o HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO que encerrou ontem na Praia da Vila, em Imbituba (SC). O norte-americano Kelly Slater que pretendia transferir a disputa do título mundial para o hawaii, perdeu nas oitavas-de-final para um inspirado novato aussie, Kai Otton. O australiano Taj Burrow que precisava terminar a competição na frente de Mick Fanning para continuar sonhando com o título, foi despachado pelo aussie Tom Whitaker na última bateria das quartas, o que garantiu o título mundial ao baixinho obstinado mais sorridente da terça-feira, em Imbituba.
Na segunda-feira, dia 05, com ondas nervosas que chegavam aos 3 metros na série, aconteceram disputas eletrizantes. Destaque para o paranaense Jihad Khodr que surfou forte e despachou o sul-africano Royden Bryson. O cearense Heitor Alves com muita garra e um ataque forte ao lip mandou mais cedo para casa o norte-americano Cris Ward. O paulista Adriano Mineirinho deixou o paranaense Peterson Rosa em combination e o “bronco” saiu irado da água. Agora o que o havaiano Bruce Irons fez na décima bateria da repescagem contra o veterano aussie Mark Occhilupo foi verdadeiramente surreal. Bruce pegou uma direita da série e mandou um floater gigaaaaante para cair na base e mandar mais uma paulada numa junção que a maioria dos mortais nem pensaria em enfrentar. O esquadrão brasuca na terceira rodada do evento contava com 10 atletas. Na primeira bateria Heitor Alves mais uma vez fez bonito e se deu bem em cima do norte-americano Bobby Martinez. Jihad Khodr não se achou na bateria e perdeu para o aussie Joel Parkinson. O gaúcho Rodrigo Dornelles levou a melhor na disputa caseira com Adriano Mineirinho. O catarinense Neco Padaratz fez uma belíssima apresentação e avançou sobre o australiano Dean Morrison. O catarinense Marco Pólo não teve a mesma sorte e foi barrado pelo virtual campeão Mick Fanning.
Kelly Slater pegou algumas das maiores ondas do evento na Praia da Vila, mas não conseguiu estragar a festa do baixinho Mick Fanning. Foto: Aleko Stergiou.
Em seguida, Kelly Slater despachou o paulista Renato Galvão surfando uma das maiores ondas do evento e literalmente destruindo com uma vasta seqüência de manobras. Para mim, esta foi a melhor onda do dia. Léo Neves também se deu bem e surfando com muita pressão e no timing do mar tirou do evento o norte-americano C.J. Hobgood. O catarinense Willian Cardoso não se encontrou na bateria e perdeu para Taj Burrow. O último brasileiro ainda na disputa, o carioca Raoni Monteiro, também foi embora mais cedo desclassificado pelo australiano Tom Whitaker.
Na terça-feira as ondas diminuíram um pouco, mas as condições melhoraram e as ondas ficaram mais perfeitas em virtude do vento nordeste que soprou durante a noite e perdurou no último dia da competição. No mar com ondas de 2 metros e séries maiores foram realizadas as oitavas, quartas e semifinais, além da grande final. Exatamente às 07:30 horas foi iniciada a disputa das oitavas-de-final e logo na primeira bateria Heitor Alves passou raspando pelo aussie Michael Campbell. Rodrigo Dornelles não teve a mesma sorte e ficou em combination diante de Joel Parkinson. Neco Padaratz mais uma vez mostrou um surf forte e despachou o australiano Dayyan Neve. Na seqüência Mick Fanning mostrou que não estava para brincadeira e levou a melhor sobre seu compatriota Luke Stedman. A surpresa aconteceu na bateria seguinte em que Kelly Slater que ainda estava na briga pelo seu nono título mundial perdeu a bateria para o novato australiano Kai Otton, por uma diferença de 7,34 pontos. Léo Neves, com um surf que encaixou perfeitamente nas condições da Vila, se garantiu nas quartas despachando o aussie Shaun Cansdell. Taj Burrow e Tom Whitaker avançaram às quartas-de-final despachando o sul-africano, Rick Basnett e o aussie Bede Durbidge, respectivamente.
Na primeira bateria das quartas-de-final, Heitor Alves que fez uma excelente apresentação durante a competição não conseguiu superar Joel Parkinson que surfou uma das melhores ondas do evento, mandando dois carves fortes, um snap que jogou muita água e finalizando com uma batida na junção. Neco Padaratz que vinha surfando com muita velocidade caiu diante de um concentrado Mick Fanning. A surpresa do evento que veio correndo por fora, Kai Otton, despachou o último brasileiro ainda na competição, Léo Neves. A última bateria das quartas marcou novamente a Praia da Vila, como a praia dos campeões. Taj Burrow que já foi apontado como a grande esperança australiana na busca do título mundial perdeu para Tom Whitaker e deu o título ao surfista mais regular do ano, Mick Fanning.
A semifinal foi toda australiana, Mick que estava na água para disputa da primeira semifinal, vibrou muito dentro, enquanto seus compatriotas faziam a festa na área VIP dos competidores, com direito a bandeira australiana e muita cerveja. Fanning foi o terceiro surfista a garantir o título mundial nas águas da Praia da Vila. Andy Irons ganhou seu terceiro título, em 2004, e Kelly Slater marcou seu nome na história da ASP faturando seu sétimo título mundial em 2005. Fanning já como novo campeão mundial derrotou seu amigo Joel Parkinson e garantiu a vaga na terceira final dele na Praia da Vila. Na primeira em 2003, Mick perdeu para Kelly Slater em uma final memorável. No ano passado Mick Fanning faturou o evento e deu início à escalada vitoriosa que culminou com o tão sonhado título mundial de 2007.
O octacampeão mundial Kelly Slater (dir.) passa o trofèu ao campeão mundial de 2007, Mick Fanning, consagrado na Praia da Vila, em Imbituba (SC). - Foto Beda Batista.
Ao sair da água foi realizada a cerimônia de entrega do caneco de campeão mundial que foi entregue pelo atual campeão Kelly Slater. A cerimônia foi uma autêntica festa australiana regada a muita cerveja. Mick Fanning visivelmente emocionado estourou a champagne vibrando muito e disse “que a vitória era dedicada a todos os australianos que acreditaram no seu potencial e também aos fãs brasileiros que sempre deram muito apoio e motivação à ele”. No final da comemoração o novo campeão mundial, literalmente, foi para a galera, dando um mosh sobre a torcida que vibrava gritando seu nome.
Em seguida, Kai Otton garantiu vaga na final derrotando Tom Whitaker. Mas o dia era mesmo de Fanning que surfando ainda mais solto, sem o peso da disputa do título, pegou as melhores ondas da bateria e garantiu pelo segundo ano consecutivo o título do maior evento de surf da América Latina, o HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO, na Praia da Vila, em Imbituba (SC).
Nos bastidores a vibração era geral, os organizadores do evento estavam visivelmente satisfeitos com as condições em que o evento foi realizado. Essa etapa foi considerada a melhor de todas as realizadas no Brasil, desde que o país começou a receber o circo da ASP. Ícaro Cavalheiro, árbitro brasileiro da ASP, disse que “a etapa da Praia da Vila foi a melhor do ano. Roberto Perdigão, presidente da ASP South América, afirmou que “junto com a etapa realizada no início da temporada na Gold Coast, na Austrália, essas foram as melhores ondas que o circuito encontrou esse ano”.
Álfio Lagnado, proprietário da Hang Loose, confirmou a fama de “pé-quente” e disse que “na Praia da Vila não precisa nem ser pé-quente, aqui é uma das praias mais constantes do Brasil e que oferece ondas como as que todos tiveram oportunidade de ver”.
Beda Batista
2B Surf
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