quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Vila de Gala...

Gariba desembainhou a gun e pegou algumas como essa. Não se engane com a plasticidade da foto. A onda era rápida e a série não perdoava distrações. Foto: Site praiadavila.com.br

No último dia 13 de fevereiro, quarta-feira, a Praia da Vila quebrou de gala e fez a cabeça dos big riders de plantão. Depois de uma típica temporada de verão, sem ondas de verdade, a Vilinha mostrou as caras e recebeu um ótimo swell com ondas de 8 a 10 pés, fazendo a galera tirar das capas as gunzeiras e colocar na água os "brinquedinhos". Na água, a galera local botou pra baixo e mostrou mais uma vez que "santo de casa também faz milagres".
Diego "baia" é da nova geração de big riders Imbitubenses e mostra atitude na ladeira. Foto: Site praiadavila.com.br

Imbituba é uma verdadeira surf city desde a década de 70, quando aqui foi formada uma verdadeira tribo de surfitas que originários, na sua maioria, do eixo Rio-São Paulo fincaram pés por aqui até a instalação, da famigerada e já extinta, ICC-Indústria Carboquímica Catarinense, no final da mesma década.
Nédo é da velha geração de big riders locais. Foto: Site praiadavila.com.br

Apesar do ostracismo que a Zimba vivenciou durante os anos 80, a galera local já infectada pela adrenalina do surf, manteve a tradição de surfar grandes ondas desde àquela época.

Gariba em mais uma direita de responsa na Vila. Foto: Site praiadavila.com.br

O retorno de Imbituba no cenário do surf aconteceu com a realização do OP PRO Ecologic Competition, com uma magnífica visão empreendedora do Sidão Tenucci, dono da marca.
SNI preparando a viagem. Foto: site praiadavila.com.br

De lá pra cá, muitas ondas rolaram e a Vila firmou seu nome entre um dos melhores beach breaks do mundo recebendo desde 2003 a etapa brasileira do WCT Brasil.
Quem não quer um expresso desses? Foto: Site praiadavila.com.br
uma conferida nas fotos e veja você mesmo o porquê de ser uma verdadeira "cidade do surf".
Marcelinho "Seco" e Gariba dividem a esqueda na Vila. Foto: Site praiadavila.com.br

Na Zimba a galera das antigas domina o pico nos dias de ondas grandes. Escrevi outro dia e alguém me questionou. Aqui volto a afirmar: Imbituba é uma das cidades que tem mais surfistas das antigas, com mais de 50 anos, na ativa, atualmente no Brasil. E quando o mar sobe a maioria deles pode ser encontrada no line- up dividindo as ondas com as novas gerações de surfistas locais. Nas fotos a galera local despenca nas "morras" da Vila e faz a cabeça num dos melhores mares dos últimos tempos. Alguns acidentes aconteceram, como é de se esperar quando as condições ficam extremas, mas nada que um outro swell não cure.
Ladeeeeeiiiiiraaaa! Nas fotos dois SNI´s fazendo a cabeça. Foto: Site praiadavila.com.br



aloha,
Beda Batista
2B Surf

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Sufoco na Vila...

As rampas da Vila podem intimidar quando funcionam de verdade. Nesta foto Heitor Alves descendo a ladeira durante o WCT Brasil 2007. Foto: ASP Cestari/Covered Images.


Na vida sempre nos deparamos com situações e fatos inusitados, no surfe o mesmo acontece. Quem nunca se deparou com uma cena, um momento ou uma situação inesperada? Muitas vezes, são bons momentos que queremos guardar para sempre na memória. Em outros casos, são situações tão ruins que queremos mesmo é esquecer. Embora, nem sempre tenhamos essa capacidade.
Uma das situações que mais me marcaram no surfe ocorreu numa manhã de Domingo, na Praia da Vila, em Imbituba. Era janeiro de 94, a temporada do circuito mundial seria aberta com o OP PRO, em Imbituba, sendo o primeiro evento válido pelo WQS. A expectativa entre a galera local era enorme, afinal, há muito tempo a cidade não sediava um evento de porte, apesar de proporcionar uma das maiores e mais constantes ondas do Brasil. Contudo, a “maldição” dos campeonatos se abateu sobre a Vila quatro dias antes do evento começar. Durante a semana anterior rolou um mar alucinante e perfeito de seis a oito pés. Porém, na semana do campeonato o forte vento nordeste (terral, mas que quando sopra forte apavora qualquer mortal) se abateu sobre Imbituba e o mar colou de tal forma que todos acreditavam se tratar de obra de algum “mandingueiro”.
Na sexta-feira dia 21, com um belo dia de sol, mas com ondas de, no máximo, meio metro, tudo indicava que a maldição se concretizaria. No sábado não foi diferente, o dia estava alucinante, mas as ondas estavam decepcionando à todos, em particular, à galera local. Já se ouviam críticas sobre a decisão de levar o campeonato para Imbituba naquela época (verão), que se fosse em tal lugar teria onda, que isso e aquilo. Porém, no final de tarde começou a soprar uma leve brisa de leste. Era o sinal que os nativos precisavam para gritar aos quatro ventos que a Vila iria quebrar.
Na noite de sábado rolou a entrega de prêmios realizada pela ABRASP, aos melhores de 93, nas dependências do Imbituba Atlético Clube. A noite foi forte, com muita gente bonita e a presença de vários top’s brasileiros. Naquela noite, ainda lembro que muita gente perguntava se iria ou não rolar as ondas. Quem era daqui, só tinha uma palavra: ALTAS. E não deu outra!
Minha irmã me acordou por volta das cinco e meia da manhã (como havia pedido) e fiquei naquela, vou ou não? A minha cama estava tão boa (algumas horas depois eu estaria pensando que deveria ter ficado). Resolvi não pensar muito. Levantei, agilizei as minhas coisas, peguei algumas sementes de guaraná e me joguei para a Praia. Quando saí de casa já senti a forte maresia. Dobrei a esquina da estrada que leva ao Araçá, roendo algumas sementes de guaraná, com a prancha debaixo do braço e a lycra na mão, correndo devagar. Quando me aproximei do trilho já ouvi as ondas estourando.
A visão que tive de cima do trilho foi indescritível. Linhas de seis ondas com paredões enormes marchavam em direção à praia. O outside do Castelinho estava uns trezentos metros mais atrás do que o habitual. Para surfar no Araçá, só de jet-ski (na época nem existia tow-in por aqui).
Tomei o rumo do centro, costeando a Lagoa da Bomba, roendo meus guaranás. Passei na casa de um amigo, o Katz, para acordá-lo. Ele levantou com uma cara mais amassada que camisa em fim de festa. Botei a maior pilha, tomamos uma vitamina e nos jogamos para o Canto. Seguimos pela rua do barraco e quando chegamos já havia uma galera dentro d’água.
As ondas estavam quebrando lá fora, quase atrás da ilha (Santana de Dentro). A ondulação de leste fazia com que as esquerdas se tornassem quilométricas terminando quase no Jangadeiro. As direitas eram apenas um drop e já enroscavam no canal. Entramos no canal Eu, o Katz e o Dálmata. Eram seis e meia da manhã. Estávamos em alto astral, e da praia as ondas pareciam menores do que realmente estavam. O mar estava meio storm e balançado. A forte corrente do canal nos largou debaixo do pico rapidamente.
Na água vários profissionais estavam treinando antes do início do campeonato, que tinha previsão de iniciar às nove horas. Entre eles, lembro do Wagner Pupo que pegou uma esquerda animal, do Tadeu Pereira (que foi o campeão da etapa) e do Paulinho Matos (na época conhecido como Paulinho do Tombo). Logo entrou a série e aí sim tivemos a noção do tamanho do mar. A série entrou lá atrás com 10 pés sólidos, pesados e impiedosos. Quase levei na cabeça, pois o movimento de água era tamanho e a corrente tão forte que nos levava para o meio da praia. O Dálmata, com uma 7’6 despencou ladeira abaixo com o lip e tudo e completou o drop numa direita enorme, alguns metros abaixo vi a prancha dando “tchau” e o cara ressurge depois de algum tempo dando risada e dizendo: “Pô foi o maior caldão!”.
Eu e o Katz ficamos nas intermediárias, que tinham uns 6 pés, pois não tínhamos prancha para aquele mar. Peguei uma direita que morreu no canal e estava voltando quando entrou uma série ainda mais atrás. Remei junto com toda a galera para próximo da ilha tentando escapar do caldo. A série apontou com um direitão que quebrou bem na minha frente. Quando estava furando a onda segurei firme a prancha para não perdê-la e ter que sair nadando daquele mar, que parecia uma máquina de lavar gigante. Quando estava bem embaixo da onda senti um forte tranco no braço direito e uma dor terrível, imediatamente, perdi por completo a força no braço.
Emergi, tomei ar e sai nadando com apenas um braço em direção ao restante da série. Furei cinco ondas, nadando e mergulhando. Gritei e acenei para a galera que estava à minha frente, mas o barulho que as ondas faziam na bancada silenciavam meus gritos. Um filme começou a passar rapidamente na minha cabeça. Instantaneamente, vi cenas da minha vida que há muito eu tinha esquecido, pessoas queridas e lugares que conheci me voltaram à memória. Pensei: “Acho que vou morrer, é isso que acontece quando a gente vai morrer. Relembramos tudo que vivemos”.
Tudo isso aconteceu muito rápido e continuei gritando. Outra série apontou e ninguém me via ou ouvia. De repente o Paulo Sefton (surfista das antigas e desbravador de várias praias do Sul do Brasil), que estava mais à frente virou-se e me avistou. Varei outra série, nadando e mergulhando. O Sefton, veio em minha direção e perguntou o que tinha acontecido. Eu disse: “Acho que quebrei o braço. Cara, preciso que tu me ajude a sair daqui”. O Sefton tentou me tranqüilizar, dizendo: “Fica frio que a gente vai sair”.
Graças a Deus, eu não tinha perdido a prancha e a cordinha agüentou o tranco. Puxei a prancha, deitei com o peito na parte de trás, puxei meu braço direito, que não respondia a nenhum movimento, e o Sefton me empurrou numa onda da série, remei com todas as forças que tinha e me grudei na prancha como pude com o braço esquerdo. A onda era tão forte que quase me virou no drop, tive que jogar todo o peso para trás para evitar que a prancha embicasse. Peguei uma esquerda e fui parar quase no meio da Praia. O Sefton veio na onda de trás e me ajudou novamente a pegar outra onda.
Saí da água e lembro do Caluta (juiz de surfe local) e do David Husadel (na época presidente da Abrasp) vindo ver o que havia acontecido. Em seguida, chegaram os paramédicos que me encaminharam ao hospital. Chegando lá, é que entendi o que havia acontecido e como estava feio o negócio. Sofri uma luxação no ombro, em função do impacto da espuma da onda (aquilo era um turbilhão). Meu braço ficou pendurado e rompi alguns ligamentos. Tiveram que chamar o “Urso” médico anestesista, que também estava dentro d’água, e o ortopedista, para poder colocar o braço no lugar. Esperei duas horas até o ortopedista chegar, a enfermeira queria me dar um remédio para dor e disse que eu esperaria até o outro dia, a não ser que o atendimento fosse particular. Eu disse: - Moça até para respirar dói, você acha que eu vou esperar até amanhã? Faz particular mesmo!
Todo o respeito que já tinha pela Vila e pela vida foram redobrados. Naquela manhã, entendi que o surfe é muito mais do que pegar onda. É estar preparado para situações de risco e de sufoco. Sobretudo, é estar preparado para ajudar alguém quando necessário.
Obrigado Paulo Sefton, e obrigado meu Deus, por colocá-lo no lugar certo, na hora certa.

P.S. Conversando com o Sefton no dia seguinte, quando fui lhe agradecer, pessoalmente, por ter salvo a minha vida, ele contou que não me ouviu gritando e que não sabe porque olhou para trás naquele exato momento. Só posso crer que os desígnios Divinos são providenciais.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Blocos e Churrasco...

Premiação para ninguém botar defeito. Trabalho sério realizado pela ASI. Foto: Divulgação ASI


A ASI - Associação de Surf de Imbituba entregará neste final de semana aos atletas filiados no ano de 2007, a premiação final dos Circuitos Imbitubense de Surf PRO-AM e Imbitubense de Longboard. A entrega acontecerá na PRAIA DA VILA, em Imbituba, SC, à partir das 11:00 horas da manhã, no próximo domingo, dia 10 de fevereiro.
A programação inicia às 11:00 horas, com a ENTREGA DA PREMIAÇÃO e logo após alguns patrocinadores juntamente com a ASI, estarão oferecendo um churrasco no canto da Praia da Vila, para os associados em dia com sua filiação. Serão entregues Blocos VI Kona Blanks aos "ATLETAS FILIADOS" que ficaram entre os quatro primeiros colocados em cada categoria. Para as 9 categorias do Circuito Imbitubense Pro-am 2007 serão entregues 36 blocos de pranchas; e para as 7 categorias do Circuito Imbitubense de Longboard 2007 serão entregues 28 blocos de longboard.
Na ocasião, também serão homenageados os PATROCINADORES e APOIADORES do Circuito de 2007.


Parabéns aos atletas, à diretoria e, principalmente, aos patrocinadores que fazem os circuitos locais acontecerem.


aloha,

Beda Batista
2b Surf

Em evidência

Depois de um feriadão anormal pelo bom tempo inesperado, voltamos a postar e à vida normal de vivente da terra brasilis.
E para quem teve que pegar a estrada depois desse feriado a atitude deve ter sido idêntica a dropar uma bomba em Waimea, tamanho estrago nas estradas, principalmente a conhecida BR 101, também chamada de rodovia da morte, não sem motivos.

Rodovias em estado deplorável. Até quando conviveremos com isto? Foto: Revista Caminhoneiro

É uma verdadeira vergonha o que os sucessivos governos deixaram acontecer com esta estrada, em que circulam milhares de veículos diariamente. Santa Catarina novamente encabeçou, atrás apenas de Minas Gerais, uma lastimável lista de mortes nas estradas, com 19 mortes. É muita gente! O péssimo estado das rodovias aliada à imprudência dos motoristas transforma a tarefa de dirigir num ato de bravura. Depois das chuvas que castigaram o estado na semana que antecedeu o carnaval a situação ficou ainda mais insustentável. E o tamanho das crateras que estão por toda extensão da rodovia é um verdadeiro crime do estado contra a população. Esse é mais um reflexo do descaso dos políticos com os eleitores que os elegem para "trabalhar em prol deles mesmos".

Ainda assim, Santa Catarina foi escolhida em 2007 como o Melhor Destino Turístico no prêmio anual concedido pela revista Viagem e Turismo, da Editora Abril.

Rosa sul, cenário surreal. Mas, até quando? Foto: Arquivo Beda Batista

Nesse cenário Imbituba foi apontada como a 5ª cidade mais procurada no estado pelos turistas. Além disso, a cidade foi a que mais realizou eventos internacionais no ano passado, além do WCT Brasil, aconteceram uma etapa do mundial de windsurf e kitesurf, a conferência internacional das baias mais belas do mundo, em que a baia da Praia do Rosa está incluída desde 2005, e ainda um encontro internacional dos operadores de avistagens de baleias.

Resta agora uma verdadeira estruturação para atender toda a demanda que converge para Imbituba, principalmente, com a duplicação do trecho sul da BR 101.
Parece que a Zimba é a bola da vez, agora depende de todos nós surfistas ou não que o crescimento seja ordenado e verdadeiramente sustentável, para não amargarmos como alguns balneários catarinenses.

E essa é uma tarefa árdua...

aloha,

Beda Batista
2B Surf