quinta-feira, novembro 29, 2007

Localismo...

Crowd forte e feroz no Hawaii. Foto: ASPWorldTour/Ellis

Pode parecer meio contra-senso falar de localismo no surfe, um esporte que remete os praticantes e expectadores a uma sensação de liberdade, paz e harmonia. Porém, o tema é uma constante em qualquer praia do litoral brasileiro. Vou restringir o assunto ao Brasil, pois a contextualização do problema no país por si só já é bem abrangente e estou consciente que este artigo não será ponto final para o entendimento do assunto.

Em se tratando de localismo duas situações são colocadas ao surfista: Ser local de uma praia ou ser um “intruso”, o chamado “haole”. Qualquer surfista que tenha viajado, o mínimo que seja, já vivenciou ambas as situações.

Mas o que chama ainda mais atenção é o fato do surfe ser um dos únicos esportes em que os praticantes se sentem no direito de expulsar do ambiente em que se pratica o esporte - o mar - qualquer rosto desconhecido. Ou seja, um local de uma praia que está há anos sem entrar no mar, corre o risco de ser convidado a se retirar por algum moleque folgado que começou a pegar onda há dois ou três anos e não o conheça. Contra-senso maior do que este só mesmo o antagonismo que acontece entre o prazer de praticar o esporte e a prática gratuita do localismo. Situações semelhantes não acontecem em outros esportes individuais como o atletismo, o ciclismo ou a natação.
Quando o mar sobe o crowd geralmente desaparece. Roni Ronaldo descendo a ladeira numa Silveira "tranqüila". Foto: José Carlos Parafa
O que para mim é realmente gritante e inexplicável é que quando o mar sobe, o localismo fica em segundo plano. Muitas vezes o surfista está mais preocupado em não levar uma série “varredoura” na cabeça do que em expulsar alguém do mar. A situação certamente se inverte quando temos longos períodos de mar flat, como ocorre freqüentemente no verão brasileiro, ou ainda que haja ondas, mas as séries não ultrapassem o “meio metro”. Aí sim, qualquer marola que seja “azarada” será motivo, mais do que justificado, para os “localistas[1]” de plantão colocarem em prática as mais avançadas técnicas de jiu-jitsu ou outra arte marcial qualquer.

Chega parecer infantil as discussões e pancadarias que presencio em alguns picos. Lembro que a primeira vez que assisti a um “arranca rabo” por causa de uma onda, não entendi muito bem o porque daquilo tudo. Afinal estávamos em mais ou menos dez pessoas na água com ondas sobrando para todos, mas um dos localistas se sentiu ofendido por ter que dividir uma onda com um “haole”, que por sinal era de uma praia vizinha. Na minha opinião o localismo gratuito aplicado sem qualquer critério como vem ocorrendo em diversas praias ao longo do nosso litoral é a mais pura demonstração de covardia e falta de companheirismo, mas acima de tudo demonstra a clara falta de educação e ética da nossa sociedade. O mar é o mais democrático espaço que podemos ter. Na água você encontra pessoas das mais variadas profissões, religiões e raças, não é possível que todos peguem a mesma onda, mas é necessário que cada um tenha o mínimo de bom senso para que todos possam usufruir o prazer de surfar, uma única onda que seja.

É necessário que cada um de nós tenha consciência da responsabilidade das nossas ações e acima de tudo que tenhamos a capacidade de respeitar para adquirirmos o direito de sermos também respeitados.

Concordo que em algumas situações a única maneira de impor respeito é usando de métodos não tradicionais de diálogo, mas daí a sair no “sopapo” ou expulsar alguém da água por não ser nativo daquela praia já não se pode chamar de localismo, isso é xenofobismo puro.
O localismo somente traria benefícios ao esporte se a energia demandada na expulsão do mar, de companheiros de esporte, fosse canalizada para a resolução de problemas ambientais das praias, como a devastação de áreas de preservação permanente, restingas e dunas; a emissão de esgotos a céu aberto que acabam no mar; a invasão e exploração de áreas protegidas, por especuladores imobiliários; entre outros.
O verdadeiro surfista local é aquele que se preocupa com o bem-estar da coletividade e, principalmente, com a saúde do ambiente no qual ele pratica o esporte. No mais são apenas desculpas para externar a agressividade latente no ser humano que, em alguns casos, nem o surfe cura.
Surfe é paz, relaxamento, cultura, tranqüilidade, harmonia, sentimento, educação, prazer, preservação. Surfe é vida.
[1] Localistas - Adjetivo utilizado pelo autor para definir os praticantes do Localismo.
Beda Batista
2B Surf
Texto originalmente publicado no site S365.

quarta-feira, novembro 28, 2007

Vila dos pranchões

Praia da Vila recebe a última etapa do Circuito Imbitubense de Longboard. Foto: Beda Batista/2B Surf

A quarta e última etapa do Circuito Imbitubense de Longboard e primeira etapa do Circuito Catarinense de Longboard rola no próximo dia 02 de dezembro na Praia da Vila, em Imbituba (SC).
O evento organizado pela ASI - Associação de Surf de Imbituba e supervisão da Associação Catarinense de Longboard - ACL coloca em disputa as seguintes categorias: Iniciantes (até 15 anos), Aspirantes (de 16 a 25 anos), Sênior (de 26 a 35 anos), Master (acima de 36 anos), Open Masculino (aberto), Open Feminino (aberto), Feminino Iniciantes e Especial (somente para convidados).
Cartaz do evento que acontece na Praia da Vila, em Imbituba(SC), no próximo dia 02 de dezembro. Foto: Reprodução

O campeão da categoria Open Masculino recebe de prêmio 01 longboard Gabriel Vicente/MDio. Os campeões das categorias Open Feminino e Master faturam 01 bloco de longboard VI Kona Blanks. Os campeões de todas as categorias garantem ainda uma diária na Pousada Fazenda Verde do Rosa. Aos finalistas de cada categoria, do 1º ao 4º colocado, serão entregues troféus e Kit's SKS Surf Wear.
Após o encerramento do evento acontecerá a entrega da premiação do ranking final do Circuito Imbitubense de Longboard 2007, com a distribuição de 28 longboards da VI Kona Blanks. Premiação que supera R$ 6.000,00 e é destinada exclusivamente aos quatro primeiros atletas de cada categoria, filiados à ASI antes do inicio da 3ª etapa do Circuito Imbitubense de Longboard 2007, que foi realizada na Praia do Rosa.

As inscrições podem ser realizadas até o dia 29 de novembro (quinta-feira) às 16:00 horas, através de depósito na conta-corrente da ASI - Associação de Surf de Imbituba (BESC – Ag. 0072 – CC nº 014.578-3).
O valor da inscrição é de R$ 50,00 para a Open, e R$ 40,00 para as demais categorias. Atletas com a filiação em dia tem desconto de 20%.

Para obter mais informações entre em contato com Jander Carvalho pelos fones: (48) 3255-1990 / 9965-5270 ou envie mensagem para janderpc@terra.com.br .

A cobertura da etapa será realizada pelo 2B Surf e você poderá conferir aqui.

Beda Batista
2B Surf

terça-feira, novembro 27, 2007

Surf todo dia...

Máurio Borges (esq.), Beda Batista (centro) e Almerindo Galo, durante o WCT 2006, Praia da Vila, em Imbituba (SC). Foto: Beda Batista/2BSurf

O boletim "Nas Ondas da Pan" apresentado pelo meu amigo e surf repórter ilhéu, Máurio Borges, está de aniversário. No último dia 1º de novembro completou 9 (nove) anos no ar. Não é brincadeira. Um programa desses não é para qualquer mortal. Tem que ter disciplina, muita disciplina. Estar na praia às 06:00 horas da manhã todos os dias não é tarefa das mais fáceis, principalmente, no ápice da invernada que ultimamente tem castigado essas bandas da latitude 27.
Máurio Borges é um cara dinâmico e visionário, com uma enorme percepção de mercado. Além de apresentar o boletim, Máurio organiza o SurfAgosto, mostra de cinema que como o nome já diz acontece no mês do cachorro-louco e enlouquece a galera com as principais películas e novidades da sétima arte que envolvem surf. Como se não bastasse o cara é fundador da torcida organizada Surfgueira e ainda é colunista da Revista Virtual Line Up além de outras atividades.

Só para você ter uma idéia, veja só o que o manezinho aprontou nesse último mês: "Embalado pela cobertura das etapas do circuito mundial conferi o WQS de Itamambuca vencido pelo Mineirinho e o WCT na Vila, com a definição do título mundial. Foram vários flashes ao vivo, direto do front, com resultados e entrevistas exclusivas.Pelo blogue “Surfe na Pan” criamos uma promoção inédita em se tratando de blogues. Foi organizado sorteio de prêmios, inclusive uma prancha Victor Vasconcelos, roupa de borracha e kit com produtos da Billabong, Rip Curl e Quiksilver. A promoção que perguntava: Quem leva a etapa do WCT no Brasil?, contou com a participação de aproximadamente 500 surfanutas.Paralelo ao WCT foi lançado no cinema do CIC com um público espetacular o filme Mixed Tape, nova produção da Reef. Além da apresentação em duas sessões, a galera ainda curtiu no Café Matisse uns comes e bebes na faixa com dj convidado animando a noite.Já na semana passada, dessa vez em parceria com a Quiksilver aconteceu o lançamento nacional – Floripa foi a primeira capital a conferir o mais premiado filme do ano: Young Guns III. Cerca de duzentos convidados acompanharam a estréia e ainda curtiram um boca livre até altas horas."

Acho que só isso dispensa qualquer comentário adicional, mas aproveitando e fazendo um trocadilho com a sua já conhecida marca, pode-se dizer que o cara é Surf Todo Dia.

El Divino Lounge, na Beira-Mar, em Floripa, recebe a Festa Rusty/Boletim Nas Ondas da Pan. - Foto: Arquivo Alohapaziada

Para comemorar o aniversário, Máurio Borges ainda preparou uma surpresa para a galera do surf. No dia 29, próxima quinta-feira, no El Divino Lounge da Beiramar Norte, vai rolar a “Festa Rusty/Boletim Nas Ondas da Pan” junto com toda equipe Oculto. A casa, sinônimo de boas festas, vai receber 200 convidados para curtir a performance do havaiano Jamie O'Brien no seu novo filme Freak Side, além do melhor do hip-hop com os dj Naomi e Léo.
Eu vou estar lá, e você vai ficar de fora?
Parabéns Máurio e que muitos aniversários sejam comemorados,
aloha,
Beda Batista.
2B Surf

sexta-feira, novembro 23, 2007

2B Surf internacional...

Mari Silva e Beda Batista durante o WCT Brasil 2006. Foto: Beda Batista/2B Surf


Sempre gostei de ler e escrever. Tomei gosto pela leitura por meio de alguns "mestres" que tive ao longo do primeiro grau. Meus principais incentivadores foram Ledeir "Coca", Marli Braff e Dª Cilésia. Vindo de família humilde e de recursos escassos, sempre tive que me virar desde moleque, por isso muitas coisas aconteceream precocemente na minha vida. E a leitura foi uma delas. A escrita é um exercício que venho praticando também desde muito garoto. E gosto de escrever tanto quanto ler.
Esse blog nasceu dessa vontade de escrever. Um pouco cansado de escrever para veículos que muitas vezes não te dão retorno, melhor escrever para você mesmo. Assim nasceu o 2B Surf, cujo nome é originário de um programa de rádio que fiz durante 1 (um) ano na extinta Rádio Chibumbal FM.
Embora o blog tenha mais de dois anos, o "renascimento" dele aconteceu a pouco mais de 3 (três) meses, empolgado pelas recentes matérias que publiquei em alguns sites.
Mas o impulso maior foi dado por uma amiga que está morando na Califórnia e entrou em contato comigo dizendo que estava "equipada" para fazer a cobertura do WCT em Trestles.
Essa garota se chama Mariana, como a da música, e é uma batalhadora nata. Eu a conheci através de outra amiga e dei uma força à ela durante o WCT Brasil 2006, quando efetivamente nos conhecemos.
Algumas semanas atrás a Mari me disse que havia comprado um equipamento melhor e estava com a passagem comprada para o Hawaii e que pretendia fazer a cobertura da última do WCT no templo do surf. Não deu outra, fechamos a cobertura que você vai poder conferir aqui no 2B Surf. Essa cobertura vai ser realizada no amor. Pois nenhum de nós ganha um centavo com isso, mas o prazer de poder informar de uma forma diferente à galera que curte e pratica o surf é o nosso maior incentivo.
E o mais importante dessa história toda é que em geral as melhores amizades são as que nascem sem nenhum aviso, assim de repente, como uma onda no mar.

É isso aí o 2B Surf já pode ser chamado de internacional...

aloha,

Beda Batista
2B Surf

quarta-feira, novembro 21, 2007

Na Remada..

Katz Sullyvan em ação na Praia da Vila, em Imbituba (SC). Foto: Nedo/Ennedois


No último dia 13 de novembro o surf-repórter e surfista local de Imbituba, Katz Sullyvan, estreou na FM 103.7, Rádio Cidade, sediada em Tubarão, o Programa Na Remada. O informativo veiculado diariamente às 08:00 e 13:00 horas traz todas as informações sobre as condições do mar e climáticas no litoral sul de Santa Catarina, além de informações sobre eventos ligados ao surf e principais notícias do esporte.

Katz Sullyvan além de surfista é árbitro de surf credenciado pela FECASURF - Federação Catarinense de Surf e Vice-Presidente da ASI - Associação de Surf de Imbituba pelo segundo mandato consecutivo.

Segundo Sullyvan, o objetivo do programa vai além da informação sobre as condições para a prática do surf. A possibilidade de fomentar o desenvolvimento do esporte na região e valorizar o trabalho das associações de surf do litoral sul catarinense através da veiculação dos eventos realizados pelas mesmas é também uma das metas do comunicador.
Katz Sullyvan (à esq.) em ação, mas fora d'água, entrevistando Teco Padaratz, organizador do WCT Brasil. Foto: Beda Batista/2B Surf.

A região que vêm recebendo nos últimos cinco anos a etapa brasileira do WCT - World Championship Tour, circuito mundial de surf profissional, que acontece em Imbituba, é também o berço do surf no estado.
Dessa forma, a transmissão das condições do mar de um pico privilegiado pelo posicionamento para receber grandes ondulações e palco de grandes eventos do surf mundial é mais que importante, tornando-se um natural ponto de referência do esporte no Brasil.

Beda Batista
2B Surf

terça-feira, novembro 20, 2007

ASI vai com tudo...

Cartaz do evento que reunirá as associações de surf do estado na Prainha, em São Chico (SC). Foto: Reprodução.

A ASI - Associação de Surf de Imbituba parte com tudo para disputar a segunda etapa do Billabong Surfing Games - Fast Heat, Circuito Catarinense de Associações 2007, nos dias 24 e 25 de novembro, na Prainha, localizada na histórica cidade de São Francisco do Sul, norte do estado de Santa Catarina.
Esta que é considerada a maior competição por equipes do Brasil e denominada "Olimpíadas do Surf Catarinense". Com as equipes compostas por atletas da categoria Open, Junior, Mirim, Iniciantes, Infantil, Feminino, Máster, Longboard, um chefe de equipe e um técnico, as associações buscam garantir a melhor colocação no ranking final por equipes, que tem como líder, com 32 pontos de vantagem sobre a segunda colocada ASBC - Associação de Surf de Balneário Camboriú, após a primeira etapa a Associação de Surf de Imbituba, que venceu em Laguna, no sul do estado.
Equipe da ASI comemorando a vitória na 1ª etapa do Billabong Surfing Games 2007. Foto: Fecasurf

Os eventos realizados no formato Fast Heat (ou bateria rápida) reúnem um grande público na praia, entre atletas, familiares, simpatizantes e outros, formando uma grande torcida, que também pode acompanhar a evolução e o excelente nível técnico dos atletas catarinenses, apresentando manobras realmente radicais buscando sempre estar dentro do critério exigido pelos juizes que é, executar manobras radicais e controladas nas partes mais críticas da onda com velocidade, força e fluidez. O surfista que seguir este critério com o maior grau de dificuldade e controle nas melhores ondas recebe as melhores notas. Este Circuito, que é a olimpíada do surf catarinense, é realizado no formato Fast Heat, sistema idealizado por Jordão Bailo Junior Vice-Presidente da FECASURF – Federação Catarinense de Surf e Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Surf, no intuito de aumentar a competitividade e proporcionar uma maior divulgação do esporte através de TV aberta, deficiente até o momento devido ao formato tradicional ser muito longo. No novo formato o atleta pode pegar duas ou três ondas, dependendo da condição do mar, em apenas 10 minutos, exigindo do atleta concentração, agilidade e muita técnica para fazer a maior somatória, e vencer a bateria, além de proporcionar ação compactada e ininterrupta, ideal para transmissões ao vivo.

A tradicional abertura do evento terá o desfile das equipes uniformizadas com suas respectivas bandeiras e a “cerimônia das areias”, fase importante da competição e de grande significância para a Fecasurf , que além de contar pontos para as equipes, é uma grande confraternização do surf catarinense.

Beda Batista
2B Surf

sexta-feira, novembro 16, 2007

Velejar é preciso...


A catarinense, Jacqueline Silva, bicampeã mundial do WQS. Foto: Rip Curl.
O forte vento sul que soprou ontem, feriado nacional pela Proclamação da República, trouxe um friozinho de final de inverno à tona em Imbituba. Depois de trabalhar pela manhã, pois é nem no feriado escapei do trampo, fui atualizar o blog e dar uma checada nas novidades virtuais. Fiquei feliz com a notícia de que a "manezinha" Jacqueline Silva conquistou o inédito bicampeonato no WQS feminino. Os irmãos Padaratz já tinham conseguido o mesmo feito da Jacque. Teco foi campeão em 1992, primeiro ano do circuito de acesso, e em 1999. Neco foi bicampeão consecutivo em 2003 e 2004.

Na minha opinião o feito da local da Barra da Lagoa é ainda mais gradioso por ser inédito no surf feminino, além de garantir mais uma vez uma das maiores expressões do surf feminino brasileiro no circuito mundial. Sem contar que as condições de patrocínios das mulheres está muito aquém das condições dos surfistas. Parabéns Jacque!

Com vento forte no feriado o Windsurf foi a opção em Imbituba. Foto: Beda Batista/2B Surf.

À tarde, dei uma verificada no mar, mas os picos não estavam atrativos para o surf. Na Vila o mar já estava grande à tarde, mas a força d'água não empolgava nem um pouco, uma remadeira inevitável seria a tônica do surf. Sem condições. No Porto a ondulação de sul passava por fora e as ondas que peguei na quarta-feira no final do dia haviam desaparecido por completo. Na Ribanceira quem olhava de fora até acreditava em uma condição, mas o crowd e um banco irregular deixavam as ondas cheias depois do drop e o famoso "mata baratas" não animava nem um pouco.
Decidi dar um rolê com a família e aproveitar o sol que estava radiante. Fomos à Ibiraquera e lá sim, estava o paraíso. Mas não para o surf e sim para o velejo. A galera na praia detonando no kitesurf e na lagoa a galera do windsurf fazendo a mala.
Realmente o feriado foi da galera do vento...Vou comprar um wind para aproveitar esses dias sem surf. Perdoem o chavão, mas em se tratando de Imbituba: "Velejar é preciso".

Beda Batista
2B Surf

quinta-feira, novembro 15, 2007

Quem dará o primeiro passo?

As Baleias-Franca, verdadeiros locais das praias, necessitam de ações concretas para perpetuação da espécie. Foto: Projeto Baleia-Franca.

Nada de novo no monótono mundo do surfe. Todo ano é a mesma coisa. Inverno no Hemisfério Norte, altas no Hawaii, fotos e mais fotos dos surfistas brasileiros usufruindo as poderosas ondas do Pacífico Norte. Verão no Hemisfério Sul, sol, praias lotadas, verdadeiras deusas nas areias, flat no Brasil, surfistas disputando à tapa as escassas ondas do Atlântico Sul. Um crowd infernal entre os dois pólos do planeta “água” e as tendências ainda apontam para um crescimento em progressão geométrica.
Todos com o mínimo de percepção estão “carecas” de saber que o crescimento do esporte está atrelado ao crescimento do número de praticantes, consumidores e simpatizantes. As marcas também sabem disso, dessa certeza surgem as diversas propagandas veiculadas em mídias especializadas. Ou seja, nada de novo.O que me deixa boquiaberto nas propagandas das marcas envolvidas com o esporte é a latente falta de criatividade na divulgação de seus produtos e atletas. É sempre a mesma coisa, um surfista, uma onda, o nome da marca - algumas vezes em hieróglifos ininteligíveis - e nenhuma novidade.
Acredito que as marcas deveriam buscar novos horizontes para anunciar seus produtos, mostrando um comprometimento verdadeiro com o surfe. Não falo de fotos de um barco num lugar paradisíaco do Oceano Índico, ou um surfista ao lado de um moal da Ilha de Páscoa, ou ainda uma caminhonete cheia de pranchas em uma estrada deserta da Austrália. Falo de fotos de ações ambientais concretas e que nos dêem orgulho de participar de um esporte no qual seus praticantes se preocupam realmente com o futuro do planeta e do ambiente onde vivem.
O desequilíbrio ambiental torna cada vez mais comum cenas como essa. Leão Marinho na Barra da Vila. Foto: site Zimbanet.

Não vejo marca alguma investindo sério na preservação de uma praia, ou na recuperação de algum ambiente degradado. Não consigo enxergar por parte das “empresas-surfe” preocupação alguma com mensagens que despertem nos surfistas uma verdadeira preocupação com o meio-ambiente em que é praticado o surfe, leia-se: praias, mar, restingas, dunas. E pior, raramente vejo uma marca definitivamente comprometida com o desenvolvimento de projetos ecológicos, ambientais ou sócio-ambientais. Parece que continuamos a viver naquele velho e desgastado estereótipo de rato-de-praia vagabundo, desmiolado e boa-vida.
Aparentemente a única preocupação das marcas é vender a qualquer custo...Já que ninguém se manifesta - leiam-se nós surfistas, elas também não. E os surfistas pegam o vácuo. A única preocupação visível dos surfistas é conferir na Internet a direção do swell e do vento para saber em que praia vai rolar o surfe do dia. Os surfistas estão muito ocupados para se preocupar se está havendo devastação, invasão de áreas de preservação (dunas, restingas, promontórios etc), poluição de rios (que podem estar ao lado do pico), esgotos a céu aberto derivados de casas, pousadas e luxuosos hotéis. Será que estamos viajando na contra-mão? Não parece meio estranho que nós os interessados diretos na preservação daquele pico de surfe alucinante nos mantenhamos calados frente às inúmeras barbáries postas em prática diariamente por moradores, turistas e especuladores imobiliários, disfarçados de investidores ou geradores de empregos?
A situação se agrava ainda mais em locais projetados na mídia, divulgados e ostentados. Atualmente a migração de pessoas que buscam a beira-mar para viver acontece num ritmo desenfreado. O fenômeno que está ocorrendo no Brasil é algo assustador. É algo parecido com o ocorrido entre as décadas de 60 e 70 quando houve uma enorme migração populacional do campo para a cidade. Hoje, ocorre a migração cidade-praia. E Floripa é o melhor exemplo disso. A massificação de propagandas anunciando aos quatro ventos a qualidade de vida da capital catarinense está criando um verdadeiro caos na cidade, que não apresenta estrutura suficiente para atender a demanda de sedentos por uma vida melhor. Semana passada li, em um jornal do Estado, uma carta de um morador que migrou do Rio Grande do Sul e reclamava de não haver encontrado a tão propagandeada qualidade de vida. Ou seja, estava se queixando que haviam lhe aplicado o “conto da terra prometida”...
Esgoto à céu aberto denunciado em post anterior do 2B Surf. Tudo isso está indo para o mar. Será o fim de uma das praias de Imbituba? - Foto: Beda Batista/2B Surf.

Voltando ao surfe, acredito que as empresas têm a obrigação de fazer muito, mas muito mais mesmo, pelo ambiente em que o esporte é praticado. Seja apoiando as Associações de Surfe em projetos ligados ao meio-ambiente, bancando suporte técnico de biólogos ou ecologistas às entidades, financiando projetos culturais e sócio-ambientais com o objetivo de preservar a história dos lugares em que se pratica o surfe, apoiando ações de organizações não governamentais ligadas à preservação do meio-ambiente, fomentando a criação de parques e áreas de preservação, patrocinando a recuperação de áreas degradadas ou desmatadas, exigindo dos governos municipal, estadual e federal que destinem parte dos valores arrecadados em impostos para fins de preservação ambiental, cobrando as efetivas prestações de contas dos governos dos valores arrecadados e aplicados com o fim preservacionista, criando um fundo das empresas do surfe voltado exclusivamente para financiamentos de projetos ecológicos e sociais, enfim as opções são inúmeras, estas são apenas algumas das ações que podem ser realizadas pelas empresas ligadas ao esporte. Depois disso, aí sim poderão vender a imagem do surfe como um esporte limpo e dos surfistas como ambientalistas realmente preocupados com a perpetuação da vida no planeta.

Resta saber: Quem dará o primeiro passo?

Beda Batista
2B Surf
* Texto originariamente publicado no site S365.com.br

quarta-feira, novembro 14, 2007

Wavetoon lança livro

Frank, personagem da galera Wavetoon, não vai mais precisar esperar pela melhor da série. Ela já pode ser avistada e chega no próximo dia 16, com o lançamento do Wavetoon - A Cultura Surf em Quadrinhos. Foto: Reprodução Wavetoon.
Recebi ontem um convite do George Martins para lançamento do livro Wavetoon - A cultura surf em quadrinhos, que será realizado no próximo dia 16, por ocasião do Festival Alma Surf que acontece do El Divino Club, em Florianópolis (SC).
Foi um prazer receber este convite, já que a dupla de cartunistas George e Tora mandam super bem nos quadrinhos, com histórias alucinantes no blog
Wavetoon. Desenhos de alta qualidade aliados à histórias para lá de eletrizantes que se passam em uma cidade puro surf, com altas ondas e astral pra lá de zen, sonho de qualquer surfista mortal que se preze. Os caras são feras da arte surf e estão de parabéns pelo trabalho, quem puder conferir tenho certeza que não vai se arrepender.
Aproveitando a oportunidade, e reforçando o que o Gustavo veiculou no
Surf4ever, gostaria de dizer que a organização do Festival viajou legal. A mostra de cinema, com alguns dos melhores filmes e curtas do mundo do surf têm os horários dos filmes coincidentes em salas distintas. Como já comprovado cientificamente, não se pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, o espectador mais afoito terá que escolher o menu que melhor lhe convier, ou fazer um mix entre os filmes que serão exibidos. É uma pena, pois enquanto rolam filmes que você não vai poder assistir, estará acontecendo ainda uma mostra que conta a história da evolução das pranchas de surf no Brasil, além de exposições de fotos.
A organização poderia pedir uma força ao Máurio Borges, do
Alohapaziada, responsável pelo já tradicional SurfAgosto, que tem uma vasta experiência em mostras de cinema no CIC. Quem sabe na próxima Maurião?
Beda Batista
2B Surf

terça-feira, novembro 13, 2007

Sem WCT no plim-plim...

Uma imagem dessas vende algum produto? Kelly Slater virando na base durante o Hang Loose Santa Catarina PRO, em Imbituba (SC). Foto: ASP Cestari/Covered Images


Não sei bem o que há de errado com o Esporte Espetacular, programa de esportes veiculado nos domingos rotineiros, cuja programação é chata e bitolada, na maior emissora de TV aberta do Brasil. Acho que esqueceram de dizer ao editor de esportes daquele programa, exibido no último dia 11 de novembro, que alguns dias antes o segundo maior esporte praticado no país do futebol, teve seu novo campeão mundial definido em águas brasileiras, no melhor e maior mar do ano do circuito mundial, que à rigor passa pelas melhores ondas do planeta.
Talvez eu esteja enganado, mas senti um pouquinho do ranço que rondou o WCT Brasil 2007, ainda nesse fim-de-semana. Pois só isso explica que a emissora sediada na "cidade maravilhosa" não tenha dedicado nem um segundo de sua programação dominical para mostrar na "vênus platinada" ondas de qualidade no país que muitos do circo da ASP e da própria "terra brasilis" ainda teimam em afirmar que "não têm ondas".
Ou isso, ou é pura "dor de cotovelo" mesmo, já que o Rio de Janeiro, através do secretário de esporte e turismo, estava na surdina pleiteando à ASP o retorno da elite mundial às suas praias. Para infelicidade dos cariocas, a Vila deu às caras e bombou altas durante o evento que foi considerado o melhor em termos de onda nessa temporada.
Quem sabe essa venderia alguma coisa? Heitor Alves descendo a ladeira na Praia da Vila, durante o WCT Brasil 2007. Foto: ASP Cestari/ASP Covered Images.

Agora se o editor ignora um público enorme, que consome milhares de reais em produtos ligados ao surf, em sua grade semanal de programação, ou o cara "é ruim da cabeça ou doente do pé".
Não é de estranhar que outras emissoras estejam ganhando cada vez mais pontos de audiência em horários em que a "soberana" reinava.

Vai saber, "cada qual com seu cada um"....
Beda Batista
2B Surf

sexta-feira, novembro 09, 2007

Até quando?

Essa semana recebi uma mensagem no ORKUT sobre a destruição que está acontecendo na Praia do Porto. Esgoto à céu aberto, ocupação irregular e o conseqüente aumento da marginalidade fazem com que àquele pedaço do paraíso comece a sofrer o pesadelo que muitas cidades grandes vivem há tempos. Para quem não sabe, uma das primeiras fotos de surf do sul do Brasil, uma direita em preto e branco, foi clicada nas ondas da Praia do Porto, na época chamada de Praia da Baixo e Praia dos Nativos. Cabe a nós, surfistas, fazermos algo. Mobilize-se. Participe da associação de surf local e lute para coibir estes abusos permitidos pelo poder público.Encontrei um vídeo de uma direita que lembra muito as ondas da Praia do Porto. Quem quiser conferir é só clicar no vídeo abaixo, a viagem vale à pena:


aloha,

Beda Batista
2B Surf

Artista do surf...

Os troféus do Hang Loose Santa Catarina PRO são verdadeiras obras de arte. Foto: Beda Batista/2B Surf

A Hang Loose trouxe de volta ao WCT Brasil 2007 a energia que gira em torno do surf. O evento que nas últimas quatro edições não tinha nada de arte vinculada à imagem da competição, a não ser um surfista na logo da cervejaria, resgatou a arte que liga o esporte ao ambiente marinho, não deixando "azedar" o astral da galera quando àquele vendaval, que estão chamando de "Ciclone Perrone", atingiu a estrutura do campeonato assustando à todos, nem quando o sol surgiu forte e radiante para alegrar uma torcida para lá de animada na praia.
Toda a arte do HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO foi baseada em uma tela do artista plástico Palumbo, que havia sido doada ao Octaviano "Taiu" Bueno e que foi arrematada em um leilão pelo proprietário da Hang Loose, Álfio Lagnado, a fim de colaborar com Taiu no seu caro tratamento de uma lesão na coluna, em virtude de um tubo não finalizado na Praia de Paúba, litoral norte de São Paulo, há 13 anos atrás.
O artista plástico paulista Palumbo, ao lado de suas belíssimas obras. Foto: Beda Batista/2B Surf.

Palumbo, que é da terceira geração de surfistas de Ubatuba (SP), começou a surfar junto com Álfio Lagnado e disse que "cada um seguiu seu caminho, eu comecei a pintar e me dediquei às artes plásticas. O Álfio começou a trabalhar com confecção e transformou a Hang Loose no que ela é hoje, a maior patrocinadora brasileira de eventos de surf".
Trazendo à tona um trabalho maravilhoso de um verdadeiro artista, Álfio não só revisitou a cena artística nos eventos de surf, como valorizou um artista/surfista que tem o "dom" de passar uma bela mensagem através de seu trabalho.
A tela que deu o tom ao evento foi utilizada também nos troféus de premiação aos primeiros quatro colocados da competição.
Beda Batista
2B Surf

quarta-feira, novembro 07, 2007

Vila dos campeões

Mr. Imbituba, Mick Fanning, vibrando muito com a conquista do título mundial. De quebra ainda manteve o título do WCT Brasil. Foto: Beda Batista.

O australiano Mick Fanning já pode ser chamado de Mr. Imbituba. Competindo totalmente focado em garantir o título mundial no Brasil, o aussie se consagrou de forma brilhante em Imbituba, faturando o título mundial de 2007 e a nona etapa do tour mundial. Pelo segundo ano consecutivo Fanning ganhou a etapa brasileira do tour na praia que foi o berço do surf catarinense. Tudo aconteceu a favor do “alemãozinho”, na etapa brasileira do WCT, o HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO que encerrou ontem na Praia da Vila, em Imbituba (SC). O norte-americano Kelly Slater que pretendia transferir a disputa do título mundial para o hawaii, perdeu nas oitavas-de-final para um inspirado novato aussie, Kai Otton. O australiano Taj Burrow que precisava terminar a competição na frente de Mick Fanning para continuar sonhando com o título, foi despachado pelo aussie Tom Whitaker na última bateria das quartas, o que garantiu o título mundial ao baixinho obstinado mais sorridente da terça-feira, em Imbituba.
Na segunda-feira, dia 05, com ondas nervosas que chegavam aos 3 metros na série, aconteceram disputas eletrizantes. Destaque para o paranaense Jihad Khodr que surfou forte e despachou o sul-africano Royden Bryson. O cearense Heitor Alves com muita garra e um ataque forte ao lip mandou mais cedo para casa o norte-americano Cris Ward. O paulista Adriano Mineirinho deixou o paranaense Peterson Rosa em combination e o “bronco” saiu irado da água. Agora o que o havaiano Bruce Irons fez na décima bateria da repescagem contra o veterano aussie Mark Occhilupo foi verdadeiramente surreal. Bruce pegou uma direita da série e mandou um floater gigaaaaante para cair na base e mandar mais uma paulada numa junção que a maioria dos mortais nem pensaria em enfrentar. O esquadrão brasuca na terceira rodada do evento contava com 10 atletas. Na primeira bateria Heitor Alves mais uma vez fez bonito e se deu bem em cima do norte-americano Bobby Martinez. Jihad Khodr não se achou na bateria e perdeu para o aussie Joel Parkinson. O gaúcho Rodrigo Dornelles levou a melhor na disputa caseira com Adriano Mineirinho. O catarinense Neco Padaratz fez uma belíssima apresentação e avançou sobre o australiano Dean Morrison. O catarinense Marco Pólo não teve a mesma sorte e foi barrado pelo virtual campeão Mick Fanning.

Kelly Slater pegou algumas das maiores ondas do evento na Praia da Vila, mas não conseguiu estragar a festa do baixinho Mick Fanning. Foto: Aleko Stergiou.


Em seguida, Kelly Slater despachou o paulista Renato Galvão surfando uma das maiores ondas do evento e literalmente destruindo com uma vasta seqüência de manobras. Para mim, esta foi a melhor onda do dia. Léo Neves também se deu bem e surfando com muita pressão e no timing do mar tirou do evento o norte-americano C.J. Hobgood. O catarinense Willian Cardoso não se encontrou na bateria e perdeu para Taj Burrow. O último brasileiro ainda na disputa, o carioca Raoni Monteiro, também foi embora mais cedo desclassificado pelo australiano Tom Whitaker.
Na terça-feira as ondas diminuíram um pouco, mas as condições melhoraram e as ondas ficaram mais perfeitas em virtude do vento nordeste que soprou durante a noite e perdurou no último dia da competição. No mar com ondas de 2 metros e séries maiores foram realizadas as oitavas, quartas e semifinais, além da grande final. Exatamente às 07:30 horas foi iniciada a disputa das oitavas-de-final e logo na primeira bateria Heitor Alves passou raspando pelo aussie Michael Campbell. Rodrigo Dornelles não teve a mesma sorte e ficou em combination diante de Joel Parkinson. Neco Padaratz mais uma vez mostrou um surf forte e despachou o australiano Dayyan Neve. Na seqüência Mick Fanning mostrou que não estava para brincadeira e levou a melhor sobre seu compatriota Luke Stedman. A surpresa aconteceu na bateria seguinte em que Kelly Slater que ainda estava na briga pelo seu nono título mundial perdeu a bateria para o novato australiano Kai Otton, por uma diferença de 7,34 pontos. Léo Neves, com um surf que encaixou perfeitamente nas condições da Vila, se garantiu nas quartas despachando o aussie Shaun Cansdell. Taj Burrow e Tom Whitaker avançaram às quartas-de-final despachando o sul-africano, Rick Basnett e o aussie Bede Durbidge, respectivamente.
Na primeira bateria das quartas-de-final, Heitor Alves que fez uma excelente apresentação durante a competição não conseguiu superar Joel Parkinson que surfou uma das melhores ondas do evento, mandando dois carves fortes, um snap que jogou muita água e finalizando com uma batida na junção. Neco Padaratz que vinha surfando com muita velocidade caiu diante de um concentrado Mick Fanning. A surpresa do evento que veio correndo por fora, Kai Otton, despachou o último brasileiro ainda na competição, Léo Neves. A última bateria das quartas marcou novamente a Praia da Vila, como a praia dos campeões. Taj Burrow que já foi apontado como a grande esperança australiana na busca do título mundial perdeu para Tom Whitaker e deu o título ao surfista mais regular do ano, Mick Fanning.
A semifinal foi toda australiana, Mick que estava na água para disputa da primeira semifinal, vibrou muito dentro, enquanto seus compatriotas faziam a festa na área VIP dos competidores, com direito a bandeira australiana e muita cerveja. Fanning foi o terceiro surfista a garantir o título mundial nas águas da Praia da Vila. Andy Irons ganhou seu terceiro título, em 2004, e Kelly Slater marcou seu nome na história da ASP faturando seu sétimo título mundial em 2005. Fanning já como novo campeão mundial derrotou seu amigo Joel Parkinson e garantiu a vaga na terceira final dele na Praia da Vila. Na primeira em 2003, Mick perdeu para Kelly Slater em uma final memorável. No ano passado Mick Fanning faturou o evento e deu início à escalada vitoriosa que culminou com o tão sonhado título mundial de 2007.

O octacampeão mundial Kelly Slater (dir.) passa o trofèu ao campeão mundial de 2007, Mick Fanning, consagrado na Praia da Vila, em Imbituba (SC). - Foto Beda Batista.

Ao sair da água foi realizada a cerimônia de entrega do caneco de campeão mundial que foi entregue pelo atual campeão Kelly Slater. A cerimônia foi uma autêntica festa australiana regada a muita cerveja. Mick Fanning visivelmente emocionado estourou a champagne vibrando muito e disse “que a vitória era dedicada a todos os australianos que acreditaram no seu potencial e também aos fãs brasileiros que sempre deram muito apoio e motivação à ele”. No final da comemoração o novo campeão mundial, literalmente, foi para a galera, dando um mosh sobre a torcida que vibrava gritando seu nome.
Em seguida, Kai Otton garantiu vaga na final derrotando Tom Whitaker. Mas o dia era mesmo de Fanning que surfando ainda mais solto, sem o peso da disputa do título, pegou as melhores ondas da bateria e garantiu pelo segundo ano consecutivo o título do maior evento de surf da América Latina, o HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO, na Praia da Vila, em Imbituba (SC).
Nos bastidores a vibração era geral, os organizadores do evento estavam visivelmente satisfeitos com as condições em que o evento foi realizado. Essa etapa foi considerada a melhor de todas as realizadas no Brasil, desde que o país começou a receber o circo da ASP. Ícaro Cavalheiro, árbitro brasileiro da ASP, disse que “a etapa da Praia da Vila foi a melhor do ano. Roberto Perdigão, presidente da ASP South América, afirmou que “junto com a etapa realizada no início da temporada na Gold Coast, na Austrália, essas foram as melhores ondas que o circuito encontrou esse ano”.
Álfio Lagnado, proprietário da Hang Loose, confirmou a fama de “pé-quente” e disse que “na Praia da Vila não precisa nem ser pé-quente, aqui é uma das praias mais constantes do Brasil e que oferece ondas como as que todos tiveram oportunidade de ver”.

Beda Batista

2B Surf

segunda-feira, novembro 05, 2007

A Vila é show...


Agradeço à todos pela enxurrada de acessos e peço desculpas por não ter atualizado antes, mas os motivos foram tantos que não vou descrever aqui. Após três dias de muito trabalho, vamos às atualizações do blog.
Resumo do fim-de-semana:

Dia lindo de sol na sexta-feira, mas nada de onda pro WCT Brasil 2007. Foto: Beda Batista/2B Surf.

Na sexta-feira, Dia de Finados e feriado nacional, apesar da expectativa de todos, mais uma vez as previsões não se concretizaram e a Vila amanheceu como uma lagoa. Apesar do sol, o vento sul que soprou no dia anterior virou para sudoeste e "deitou" ainda mais o mar, que havia esboçado uma pequena reação. O evento ficou paralisado pelo quarto dia consecutivo e não rolou nenhuma bateria. Um colunista famoso do estado que sofre de um distúrbio grave - dor de cotovelo - perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado e fez uma série de reclamações, na maior emissora do estado, sobre as condições das ondas da Praia da Vila e da falta do que fazer em Imbituba. Para azar dele, a Vila nunca decepciona em eventos de surf e ele morderia a língua no dia seguinte.


Multidão invada a Praia da Vila, em Imbituba (SC), para assistir de perto o HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO. Foto: Beda Batista/2BSurf.

No sábado o dia amanheceu cinzento e com um leve vento leste soprando. Na primeira chamada, às 07:00 horas, as ondas começaram a reagir e uma nova chamada foi marcada para 10:00 horas. Na segunda chamada os atletas em reunião com o Diretor de Prova do HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO, Xandi Fontes, decidiram por mais uma chamada ao meio dia, pois, segundo os atletas, as condições não eram ideais. Nos bastidores a galera local já havia informado que à tarde as ondas já estariam "no ponto" para dar início à prova. Não deu outra. Ao meio-dia, Netuno e São Pedro em combinação, mandaram liberar as ondas e o sol, a praia já estava lotada e depois de muita discussão, ficou decidido pelo início da competição a partir das 14:00 horas. Exatamente às 14:15 horas tocou a tão aguardada sirene do HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO e foi inciado o maior evento de surf da América Latina, com ondas de 1,5 metros (5 pés). Essa tarde certamente entrará para a história do circuito mundial de surf. Nove baterias da primeira fase foram disputadas na tarde de sábado e mais de 12.000 pessoas, que aproveitaram o feriadão de Finados, invadiram Imbituba e disputaram um lugar na areia para assistir de perto os surfistas da elite da ASP, na melhor onda do Brasil.
Dos 10 surfistas brasileiros que caíram na água 03, Rodrigo "Pedra" Dornelles, Willian Cardoso e Renato Galvão, avançaram direto à terceira fase.

Fábio Carvalho fazendo história no HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO. Foto: Aleko Stergiou.

Contudo, o ponto alto do dia e que ficará gravado na memória de todos que estiveram na Vila foi a nona bateria, em que o surfista local Fábio Carvalho, convidado pela Prefeitura Municipal de Imbituba, enfrentou o norte-americano octacampeão do mundo, Kelly Slater e o autraliano Kai Otton. Quando o nome de Fabinho foi anunciado pelo locutor do evento a praia toda aplaudiu e gritou o nome do melhor e mais carismático surfista que Imbituba já teve. Na sequência foi a vez do ídolo mundial, o careca mais famoso do mundo do surf, Kelly Slater que foi ovacionado de uma maneira jamais vista no tour. Esses dois momentos foram realmente de arrepiar.

Na água Kelly mostrou porque é considerado um fenômeno e quebrou a bateria arrancando um 9,4 numa esquerda em que mandou quatro pauladas e não deixou dúvidas. Faturou a bateria e garantiu a vaga na terceira fase. Kai Otton ficou em segundo e Fábio Carvalho em terceiro, ambos indo para a repescagem.
Antes disso, Mick Fanning que lidera o circuito e busca garantir o título no Brasil, fez a lição de casa na oitava bateria e também avançou à terceira fase.
No domingo o mar estava ainda melhor com o vento sul fraco e as sete baterias restantes da primeira rodada foram para a água na primeira hora da manhã. O vento sul apertou por volta das 10:00 horas, mas as ondas permaneciam com 1,5 metros e o cronograma foi sendo seguido.
O aussie Taj Burrow que pode roubar a cena e faturar o título de Mick Fanning, não brincou em serviço e garantiu vaga no terceiro round da competição.
Dos oito brasileiros que disputaram o restante das baterias da primeira fase apenas os cariocas Raoni Monteiro e Léo Neves além do catarinense Neco Padaratz avançaram direto à terceira rodada.
A repescagem entrou na água com o mar já em transformação, começando a ficar mexido em virtude do vento sul que começou a soprar com mais intensidade. Foram disputadas apenas seis baterias da segunda fase e apenas o catarinense Marco Polo se deu bem garanindo vaga na terceira fase. Os catarinenses Guga Arruda, Fábio Carvalho e Diego Rosa, o paraibano Fábio Gouveia e o carioca Simão Romão que liderava a bateria e no finalzinho cometeu uma interferência boba sobre o norte-americano Taylor Knox, deram adeus ao HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO.
Hoje o mar amanheceu com 2,5 metros (8 pés) e continua crescendo. O canal já fechou diversas vezes e o pessoal do Salva Surf está trabalhando duro para colocar os surfistas no outside.
As baterias restantes da repescagem já foram para água e mais três brasileiros garantiram a permanência na competição. O paranaense Jihad Khodr despachou o sul-africano Royden Brison, o cearense Heitor Alves mandou para casa o norte-americano Cris Ward, e Adriano de Souza, o Mineirinho, despachou o paranaense Peterson Rosa. O Brasil conta com nove atletas na terceira fase buscando o título do maior evento de surf da América Latina, que está acontecendo aqui na Praia da Vila, em Imbituba (SC).
Embora o prazo de encerramento da etapa seja dia 07 de novembro, é bem provável que o evento seja finalizado amanhã dia 06, pelas ótimas condições da VILA IRADA.
Para finalizar vai um recado que a galera na praia me pediu que colocasse: "Cala a boca CACAU".
Beda Batista
2B Surf

quinta-feira, novembro 01, 2007

É vento...

Área VIP do Hang Loose Santa Catarina PRO completamente destruída pelo vento sul . Foto: Site Praia da Vila.

Hoje, exatamente às 02:00 horas da madrugada, um forte vento sul, que segundo metereologistas chegou a 100km/h, acompanhado de chuvas fortes castigou Imbituba e causou grandes estragos na área onde está montada a estrutura do HANG LOOSE SANTA CATARINA PRO, etapa brasileira do circuito mundial de surf, que está sendo realizado na Praia da Vila, em Imbituba (SC).

As tendas da área vip, da área reservada aos atletas, bem como algumas barracas que servem de pontos de venda para os ambulantes foram atingidas e seriamente danificadas. Como o evento está parado, pelo terceiro dia consecutivo, aguardando um swell previsto para atingir a costa catarinense a partir de amanhã, o dia de hoje será de reparos na estrutura. O swell que se aproxima possibilitará o início das competições que tem até o dia 07 de novembro para ser realizado.
Fique ligado nas nossas próximas atualizações, pois aqui no 2B Surf a informação é direto da fonte.

Beda Batista
2B Surf