sexta-feira, janeiro 04, 2008

Remediado está...

Que saudades da Vila sem crowd. Foto: Beda Batista /2B Surf


Depois de 10 dias sem postar absolutamente nada e "me dar" uma merecida pausa para um balanço anual, estou de volta.
Na última semana, praticamente sem ondas na região, decidi curtir com a família algumas caminhadas pelas praias, lagoas, dunas e costões da Zimba. Foi definitivamente um programa alucinante. Sair um pouco da rotina surf e dar uma variada no menu, às vezes, vale à pena. Ainda mais com essa invasão que estamos sofrendo pelos EC's. Retornando do estado de letargia blogueira e dando uma navegada pela grande rede lí algumas coisas que, embora não sejam novidade, continuam a preocupar não apenas surfistas, mas moradores da "Bela e Santa Catarina", em geral. Lí um texto de final de ano do Máurio Borges, no Alohapaziada, que traduz o sentimento da maioria do mortais sem ausência de massa cinzenta.
Em seu texto Borges reclama da falta de estrutura da Ilha de Santa Catarina para receber tantas pessoas que vêm em busca da tão propagandeada "qualidade de vida" da capital catarinense. Inclusive já escrevi um artigo sobre o tema. Acontece que a Ilha realmente oferece qualidade de vida, só esqueceram de mencionar que isso ocorria há pelos menos 10 anos atrás e apenas no inverno, quando a população voltava ao seu número normal, sem o inchaço da população flutuante. O que está errado nas propagandas para atrair turistas, é que estão vendendo a imagem de uma ótima cidade para "morar" ao invés de uma ótima cidade para "visitar". Dessa forma, quando um Paulista, Carioca, Mineiro ou nativo de outro estado qualquer se depara com Floripa, de certa forma ainda em estado natural, preservada em algumas partes, como o Sul da Ilha, e detonada em algumas, como o Norte da Ilha, ele "pira" e quer vir morar aqui. Isso aconteceria conosco também se não fôssemos nativos desse belíssimo estado que é Santa Catarina.
Esse fenômeno aconteceu com os gaúchos e argentinos até o início dos anos 90, só que agora estamos vivendo um turismo nacionalizado, ou melhor, globalizado. Daí decorrem todos os problemas não apenas da Ilha, mas também de outros destinos turísticos como Balneário Camboriú, Itapema, Portobelo, Garopaba, Laguna, e até, pasmem, Imbituba, que antes do WCT era bem freqüentada, mas agora foi invadida. Pude perceber claramente a mudança, no último feriado de reveillon. Os supermercados estavam entupidos de gente que compravam de tudo, parecia que o Armagedon estava acontecendo ou às vias de acontecer. Foi hilário, ver tanta gente de digladiando por água, comida, e tudo o mais necessário ou supérfluo. Fiz meia volta e corri para a praia. Pensei: "Se toda essa gente está aqui, a praia deve estar vazia". Ledo engano, a praia da Vila estava tomada por um "mundaréu" de gente que mais parecia a final do WCT.
E é isso, enquanto não tivermos políticas públicas voltadas para a exploração do turismo de forma sustentável, com consciência ecológica e principalmente baseada no "VISITE-NOS SEMPRE, MAS CONTINUE MORANDO EM SUA CIDADE", continuaremos sofrendo com as invasões dos EC's ou Extra-Catarinas. E esse é apenas o primeiro sintoma do organizado caos que os políticos estão instalando no estado, muitos mais virão. A criminalidade aumenta à olhos vistos, os preços beiram a estratosfera e os nativos continuam pagando o preço de morar no Paraíso.


Como diz o ditado: "O que não tem remédio, remediado está".

Aloha,


Beda Batista
2B Surf

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