Esse post é para criticar mesmo. Não com o objetivo de denegrir ou chafurdar alguém, mas para que os organizadores se toquem e se dediquem a organizar uma festa de qualidade, não esse evento meia-boca que anunciam como um dos melhores do gênero.
Vamos aos fatos:
Foi realizada entre os dias 17 e 20 de janeiro a 9ª edição da Festa Nacional do Camarão, em Imbituba - SC.
FESTAS
Acontece que o evento, em relação aos shows, mesmo antes de seu início já deixava dúvidas, pois durante a Semana Nacional da Baleia-Franca, em setembro passado, em que o músico Zé Ramalho realizou um magnífico show no canto da Praia da Vila, foi anunciado e não sou a única testemunha, que o Ziggy Marley, filho da lenda do reggae, o jamaicano Bob Marley, faria uma apresentação na noite do reggae. Inclusive o apresentador fez questão de frisar, que "quando o Evaldo Marcos promete ele cumpre." Foi uma barrigada daquelas, o Evaldo não cumpriu e o Ziggy não apareceu na Zimba. Será que alguém esqueceu dessa promessa?
Durante a noite do Festival de Reggae, que anunciava as seguintes atrações: Maskavo, Kaya Reggae Band, Tribo de Jah, Julian Rosa (alguém conhece essa figura?), Chimarruts e Armandinho, a previsão era de uma tempestade daquelas, que se confimou por volta das 21:00hs, justamente o horário marcado para início dos shows. Decisão acertada e a organização decidiu aguardar o temporal passar e dar início aos shows. Parabéns, acertaram na mosca. A tempestade passou e a noite embora não totalmente aberta, manteve-se apenas com nuvens. Coube à Kaya Reggae Band, banda local de Imbituba com seu público fiel e tradição no circuito de shows da região, aquecer a galera para o que prometia ser uma ótima noite de reggae music. Em seguida, entrou os gaúchos da banda Maskavo que seguiram a pegada da primeira e deixaram a galera no ponto para a Tribo abrir seu quarto show em Imbituba. A Tribo de Jah dispensa comentários, e agitou a galera tocando antigos sucessos como Babilônia em Chamas, Menina Raiz e Regueiros Guerreiros e incrementando com novas músicas. A banda havia tocado exatos 40 minutos quando a produção pediu que apressassem a apresentação. Fauzy no maior estilo Maranhense de cativar o público pediu com aquele vozeirão peculiar "produção nós vamos fazer mais umas duas músicas para essa massa regueira de Imbituba". E dez minutos depois a Tribo se despedia de Imbituba, sem que nem uma canja fosse permitida ao público pedir, pois a banda terminou e colocaram um "poperô" em cima e ninguém ouvia mais nada. Completa falta de consideração com uma das maiores bandas de reggae nacional que passeia pelo universo reggae mundial com total maestria e conhecimento de causa. E essa, pasmem, é a segunda gafe com os maranhenses aqui na terrinha. A primeira foi há 11 anos atrás quando a festa não era nacional e rolava na beira da praia. Convidados para tocar em Imbituba por algum desavisado que acreditava que por ser do nordeste eles tocavam "axé music", os rastafaris, os bichos-grilo e malucos de plantão se esbaldavam na fumaça e nos acordes da Tribo, quando Fauzy parou o show e disse o seguinte: "Galera, estão pedindo aqui pra gente tocar axé music." A vaia foi geral. E o vocalista emendou: "Vocês querem ouvir axé music?" E a galera ensandecida respondeu: "NÃÃÃÃOOOOO." E para finalizar perguntou: "Então o que vocês querem ouvir ?" E como resposta teve: "REGGAE MUSIC".
Os caras da Tribo devem estar achando que aqui só tem louco. A maioria não rasga dinheiro, mas tudo bem.
Continuando com o sábado, a Tribo de Jah deu lugar a um inexperiente e inexpressivo músico de Imbituba, filho de pai empresário e patrocinador da festa e que deve ter dado um "apoio" forte para o garoto estar lá em cima e nas capas de jornais com manchetes do tipo: "milhares de pessoas acompanham Julian Rosa em sua apresentação no Festival de Reggae". O cara até se esforçou, mas não cantou uma música conhecida, apenas canções próprias. Fracas por sinal. Levou uma torcida organizada, com camisetas e cartazes, como se fossem fãs e esfriou a galera totalmente. Pedidos de "saí fora", "chega" e "demorou" era o mais se escutava. Mas aí entra aquele velho bordão "quem pode mais chora menos". Chorou a galera que perdeu um show da Tribo de Jah para ver um novato engatinhando e sem qualquer domínio de palco, tentando empurrar goela abaixo uma musiquinha meia-boca. Foi PHODA, com PH mesmo.
À galera do Chimarruts restou a difícil missão de tentar reanimar uma multidão que à beira do sono aguardava pelo Armandinho. Foi difícil, mas os caras foram bons e quase chegaram lá.
Eu particularmente não sou fã do Armandinho, com seu reggae melódico pop, mas o cara tem domínio de palco e fez um show legal fazendo a galera cantar do início ao fim. A garotada têm as letras na ponta da língua e sacudiu o esqueleto até o fim.Lamentável que a comunidade regueira sofra tanto com ações políticas/comerciais até em eventos musicais, mas fica o registro para que os responsáveis tenham ao menos um pouco de consideração ao montar um roteiro de shows. Se precisarem de ajuda podem entrar em contato comigo que dou uma assessoria. Agora um papelão desses, é inaceitável.
MOTOCROSS
No Domingo, um fato lamentável ocorreu na arena destinada às apresentações de Motocross. Atingida por uma motocicleta desgovernada, uma espectadora veio a falecer antes de chegar ao hospital.
Não cabe a mim apontar responsáveis, mas aquela tela de "proteção(?)" que estava implantada em frente a arquibancada é uma verdadeira piada de mau gosto. Cabe à polícia apurar os responsáveis e que os mesmos sejam punidos com a maior severidade possível. A segurança é necessária em qualquer evento, principalmente em se tratando de apresentações de esportes radicais.
FEIRAS
Não consigo imaginar como um evento que chega em sua nona edição nacional não conta com uma verdadeira feira. Não aquela meia dúzia de estandes perfilados. Falo de uma feira de verdade. Com empresários investindo forte, comunidade engajada em mostrar a cultura local, prefeitura incentivando artesãos locais a apresentar seus trabalhos, estandes contando a história das baleias-francas, da estrada de ferro Thereza Cristina, do Porto de Imbituba e do pioneirismo de Henrique Lage.
"CADÊ O CAMARÃO?"
Para finalizar a festa é do que mesmo? Ah sim, Camarão. Começo usando a frase da Paula Toller, vocalista do Kid Abelha, que realizou show ano passado por aqui e reclamou que não tinha visto camarão. E com toda a razão. FESTA NACIONAL DO CAMARÃO SEM CAMARÃO NÃO É FESTA. Pois, se é de camarão, deve a organização preparar uma vila gastronômica com todos os tipos de camarão possíveis e imagináveis. Uma seqüência de camarão viria a calhar. O cidadão/turista vai à Festa Nacional do Camarão e encontra a preços absurdos apenas três tipos de camarão: Ao bafo, à milanesa e frito. Fala Sério. Indiquei a festa à uma turista que está alugando a minha casa e ela achou a festa "com uma feira pobre e sem camarão." Essas são palavras de uma turista. Ou a Prefeitura Municipal de Imbituba arruma alguém que saiba organizar uma festa de verdade, ou em breve perderemos também a FESTA NACIONAL DO CAMARÃO. Não desdenhando, até porque já fui várias vezes e é ótima, por isso faço a comparação pelo tamanho e propaganda diferentes entre as duas, mas até a Festa da Tainha organizada na Barra da Lagoa, em Floripa, pela comunidade local, dá um banho no quesito pratos típicos.
Enquanto pensarmos pequeno teremos apenas mais uma festinha...ou seja, AINDA FALTA MUITO PARA SER NACIONAL.
2 comentários:
Lamentáveis os fatos relatados.
Não sabia que a coisa é assim.
Abraço aí Beda,
Gustavo
cara, mto bom texto, sou curitibano fui com meus amigos passar as ferias pela segunda vez no roteiro mais bonito que conheço, passando por varias praias do lindo litoral sul de santa catarina qdo soubemos desse festival de reggae em imbituba, e até hj julian rosa é motivo de piada qdo nos reunimos com suas elaboradas letras como "vou fazer meu reggae mais estilo, pra vc ficar comigo". ...o camarão nao deu pra experimentar $$
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